
58 Headache Medicine, v.2, n.2, p.50-60, Apr./May/Jun. 2011
ARRUDA MA, ARRUDA R, ALBUQUERQUE RC, BIGAL ME
Os dois primeiros casos pediátricos de STH foram
descritos por Terrence e Samaha em 1973 e, a partir de
então, mais outros cinco casos foram relatados.
48,49
"Migrânea" oftalmoplégica (MO)
A MO cursa com crises de cefaleia de características
migranosas seguidas, dentro de um intervalo de até
quatro dias, de déficit do 3º, 4º ou 6º nervo craniano
(principalmente do 3º) na ausência de outra lesão intra-
craniana demonstrável pela RM, exceto as alterações do
nervo craniano afetado.
3
Anteriormente, a MO era classificada como uma
variante da migrânea, no entanto, evidências atuais a
caracterizam como uma neuropatia desmielinizante recor-
rente: duração da cefaleia maior que uma semana;
período latente de mais de quatro dias entre o início da
cefaleia e o início da oftalmoplegia; tendência de
envolvimento progressivo do(s) nervo(s) craniano(s) afeta-
dos de forma recorrente; presença de déficit neurológico
permanente no nervo craniano afetado de forma recor-
rente (30% dos pacientes); rápida resposta à terapia
corticosteroide; e reforço transitório e reversível do nervo
craniano afetado no estudo contrastado por RM (86%
dos pacientes).
50
Há pelo menos quarenta casos de MO reportados
em crianças e adolescentes, com início do quadro
variando de 3 meses a 18 anos de idade (média de
idades de 4,2 anos) e 73% deles com idade inferior a 5
anos.
50
A incidência estimada de MO é de 0,7 por um
milhão de crianças e adolescentes; no entanto, essa
estimativa pode corresponder a 7% de todos os casos
de paralisia oculomotora na infância.
50
Os sinais mais comuns são ptose palpebral, déficit
de adução ocular, estrabismo e anormalidades pupilares
(77% dos casos).
50
CONCLUSÃO
As cefaleias incomuns na infância, como podemos
ver nessa revisão, geralmente se apresentam com
características clínicas absolutamente incomuns nessa faixa
etária, o que deve despertar o clínico para essas
possibilidades diagnósticas. Sempre que presentes tais
características a investigação complementar deve ser
conduzida conforme apresentamos no algoritmo da
Figura 1 e na Tabela 1. O diagnóstico diferencial de
cefaleias incomuns na idade pediátrica é bastante amplo
e inclui condições de prognóstico reservado como resume
a Tabela 2. O clínico que atende crianças com cefaleia
deve conhecer os aspectos referentes ao diagnóstico,
investigação complementar e tratamento discutidos nessa
revisão.
REFERÊNCIAS
1. Arruda MA, Guidetti V, Galli F, Albuquerque RC, Bigal ME. Primary
headaches in childhood-a population-based study. Cephalalgia.
2010; 30(9):1056-64.
2. Arruda MA, Guidetti V, Galli F, Albuquerque RC, Bigal ME.
Frequent headaches in the preadolescent pediatric population:
a population-based study. Neurology. 2010;74(11):903-8.
3. Headache Classification Subcommittee of the International
Headache Society: The International Classification of Headache
Disorders: 2nd edition. Cephalalgia. 2004;24 (Suppl 1):9-160.
4. Evans R, Purdy A: Identification or exclusion of secondary
headaches. In: Migraine and other headache disorders. Edited
by Lipton RB and Bigal ME. New York: Informa Healthcare;
2006:131-44.
5. Lykke Thomsen L, Kirchmann Eriksen M, Faerch Romer S,
Andersen I, Ostergaard E, Keiding N, et al. An epidemiological
survey of hemiplegic migraine. Cephalalgia. 2002; 22(5):361-
75.
6. Cuvellier JC, Donnet A, Guégan-Massardier E, Nachit-Ouinekh
F, Parain D, Vallée L; Céleste Group. Clinical features of primary
headache in children: a multicentre hospital-based study in
France. Cephalalgia. 2008; 28(11):1145-53.
7. Wiendels NJ, van der Geest MC, Neven AK, et al. Chronic daily
headache in children and adolescents. Headache. 2005;
45(6):678-3.
8. Koenig MA, Gladstein J, McCarter RJ, et al. Chronic daily
headache in children and adolescents presenting to tertiary
headache clinics. Headache. 2002; 42(6):491-500.
9. Hershey AD, Gladstein J, Winner P: Chronic Daily Headache in
the Pediatric Population. Curr Treat Options Neurol. 2007;
9(1):14-22.
10. Bigal ME, Lipton RB. Modifiable risk factors for migraine
progression. Headache. 2006; 46(9):1334-43.
11. Bigal ME, Sheftell FD, Tepper SJ, et al. Migraine days decline
with duration of illness in adolescents with transformed migraine.
Cephalalgia. 2005; 25(7):482-7.
12. Termine C, Ozge A, Antonaci F, et al.: Overview of diagnosis
and management of paediatric headache. Part II: therapeutic
management. J Headache Pain. 2010 Dec 18. [Epub ahead of
print].
13. Arruda MA, Bonamico L, Stella C, Bordini CA, Bigal ME. Cluster
Headache in children and adolescents: Ten years of follow-up
in three pediatric cases. Cephalalgia, in press.
14. Swanson JW, Yanagihara T, Stang PE, O'Fallon WM, Beard CM,
Melton LJ 3rd, et al. Incidence of cluster headaches: a population-
based study in Olmsted County, Minnesota. Neurology. 1994;
44(3 pt 1):433-7.
15. Ekbom K, Ahlborg B, Schéle R. Prevalence of migraine and
cluster headache in Swedish men of 18. Headache. 1978;
18(1):9-19.